quarta-feira, 27 de outubro de 2010

era uma noite fria, em pleno verão. eu havia passado o dia todo inquieta, chateada, e de péssimo humor. chocolate não me saciava mais, e eu não achava mais nada que o pudesse fazê-lo. não entendia o que me incomodava. estava tudo aparentemente bem, não haviam motivos pra que eu ficasse daquela maneira. escutava o dia todo da minha mãe que o que me faltava era um namorado, alguem pra compartilhar tudo, mas eu sabia, que não era isso que me fazia falta. eu sempre tive todas as cartas na manga, tinha um jogo de cada naipe, pois não queria ser pega de surpresa. nada mais poderia me pegar de surpresa. tudo já era previsível, tudo havia se tornado como aquela noite, fria. um coração amargurado, passos calculados, movimentos medidos, lágrimas reprimidas, segredos guardados. sozinha em meu quarto, já tarde da noite, lia um livro, tenta ocupar a cabeça, pra não pensar em tudo o que tinha acontecido, numa tentativa frustrada de fechar os olhos para a realidade que me cercava. foi quando eu senti, entrando pela varanda, aquele perfume, que por tanto tempo me inebriava. não pude me conter, fechei os olhos, senti melhor aquele cheiro e tive inúmeras lembranças de um tempo atrás. só acordei na manhã seguinte, com a lembrança de ter sonhado com uma ampulheta. uma ampulheta diferente, não era comum. o pó que sua âmbula superior comportava era açucar. mas após esse açucar passar por aquele estreiro espaço entre uma âmbula e outra, ele se tornava sal. achei o sonho um tanto estranho. achei aquele sonho, um tanto real.
"she used to be the sweetest girl ever .."

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