sexta-feira, 5 de novembro de 2010

tomava cinco comprimidos diários, todos para curar doenças que sua prórpia mente inventara. a realidade agora, passava a ser mais amarga como nunca fora antes, de todas as maneiras que poderia ser. parecia não haver luz no fim do tunel. parecia que o tunel não tinha fim. havia deixado de crer em coisas que acreditou por tanto tempo. havia perdido a fé em si mesma. havia perdido a fé. todos costumavam elogiar a maneira que ela sempre demonstrou ser. parecia que nada a abatia, nada a machucava. ouvia constantemente um "eu queria ser como você, assim, sempre de bem com a vida", mas agora já não era bem assim. já fazia um certo tempo que ninguem mais via isso. pobre coitada. ninguem sabia o que acontecia enquanto ela estava no canto de um comodo qualquer em sua casa, sozinha. parecia que ninguem enxergava. quem enxergava parecia não se importar. saiu de sua casa desenganada com seu futuro. chegou a calçada com um shorts jeans surrado, um moletom qualquer, e um all star branco e encardido. fazia frio. por mais que já fosse de tarde, o sol ainda não havia aparecido. mantinha as duas mãos dentro dos bolsos, olhando pra baixo. saiu de casa sem rumo, sem se importar com que horas voltaria, ou com quem poderia encontrar. ela queria apenas sair do lugar que tanto a assombrava. seu cabelo loiro agora estava bagunçado por conta do vento, e ela não se importava com isso tambem. sua franja desarrumada insistia em cobrir um de seus olhos. teve um fio de esperança repentino, surgindo junto com o sol, que agora a iluminava. parou, mesmo com várias pessoas esbarrando nela e pronunciando xingamentos. levantou seu rosto para o céu. o sol agora mostrava a cor de seus olhos. pareciam um castanho comum, mas na luz revelavam sua cor de mel. e aquele mel oculto em seu interior, revelava tamanha doçura, que ninguem mais conseguia despertar.
"watch my face, as i pretend to feel no pain.."

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