quinta-feira, 12 de julho de 2012

nasci entre ciganos. aprendi a manipular, a mentir, a saquear. e não tenho vergonha de onde vim, tenho é orgulho. mas como toda criança que cresceu em meio a tantas mudanças, me tornei uma contradição ambulante.  e essa é a minha marca registrada: não ter marca registrada. ser cada dia um personagem, cada dia outra pessoa. tenho manias que irritam a mim. e além disso, sou uma leonina nos mínimos detalhes: mandona, consumista, orgulhosa. sou tudo isso, junto. nasci na cidade grande, em uma família de classe média-alta, em berço de ouro. me deram todo e qualquer luxo que uma criança pode querer, mas não precisar. só não me ensinaram valores, respeito. e hoje eu vago pelas ruas sozinha, com pouca roupa, esperando alguem que venha me fazer sentir menos solitária, pelo menos por uma noite. tenho opinião formada sobre tudo, mas vivo entrando em contradição, vivo mudando de opinião. e eu mudo mesmo, mudo a cor do cabelo, mudo meus gostos, mudo de namorado, de casa, de humor, e só não mudo de nome pela burocracia. nasci em uma comunidade naturalista, onde a maior lei e religião é a paz. sou contra grande maioria das normas e doutrinas que só servem pra aprisionar o ser humano, nunca tive paciencia pra ler a bíblia. nasci em uma família pobre, no morro, onde não me deram nada material, mas me deram o que eu vou levar comigo pro resto da vida: princípios. e foram eles que me trouxeram até aqui, até que hoje sou uma pessoa muito bem sucedida e satisfeita. sou inconstante e exigente. exijo a perfeição que não consigo oferecer. sei que nada do que eu tenho me pertence de fato, mas continuo sendo egoísta, ciumenta e possessiva. nasci de uma gravidez indesejada, e minha mãe me largou em um orfanato. sempre desconfiei de tudo, sempre vejo um fato de dois lados, e não confio em nenhum deles. hoje eu sou feliz, mas sou assim.. uma orgulhosa que pede perdão. uma manipuladora com bom coração. uma cigana, uma lagarta.. em constante transformação. eu nasci em uma família que morava e trabalhava em um circo.. "ideologia. eu quero uma pra viver.."

sexta-feira, 8 de junho de 2012

 parabéns à todas as pessoas que carregam consigo um coração de pedra, onde os únicos sentimentos são mágoa, raiva e inveja. parabéns à vocês que acham que estão vivendo muito mais felizes do que pessoas como eu, que têm um coração quente, batendo. eu acredito sim no amor. e não me importo se isso soa piegas, mas é isso. o amor é a resposta pra maioria das perguntas que conheço. todos os caminhos deixam de levar à Roma quando você pensa melhor. Roma, amoR. pra mim é exatamente assim. eu acredito na pureza de um sorriso, acredito em declarações de amor. e pra falar a verdade eu sou a pessoa mais crente do mundo! sou meio católica, meio evangélica, meio atéia, meio espírita, e sou feliz assim. e pra quem quer a solução pro mundo, eu explico: menos religião, mais fé. e quando eu digo fé, eu não digo fé em Deus apenas, cada um acredita no que quer acreditar. fé em algo que te faça bem, que te traga paz. se apegar a algo, não importa o que seja, traz forças pra continuar sempre em frente. pode até parecer algo meio Madre Teresa de Calcutá, mas é a verdade. faço o bem sim, sem me importar se a pessoa já me fez mal, sem me importar se vou me decepcionar ou não. é fato, você vai ficar desapontado. um lugar, uma pessoa, um presente, alguma coisa, algum dia, vai te desapontar. mas continue acreditando. acredite sim, na paz, no amor, na gentileza. seja gentil! ame mais, abrace mais, sorria mais.. se você vai se decepcionar ou não, depois a gente vê. por enquanto, use seu coração da maneira que ele foi feito, de carne, osso, quente. "se tens um coração de ferro, bom proveito. o meu fizeram-no de carne e sangra todo dia."

terça-feira, 1 de maio de 2012

eu sei que você sempre vai lembrar de mim como a louca que usava unhas postiças e esmalte vermelho se achando mulherão e adorava aquele all star encardido, e você sempre tão meio termo, tão morno, com aquelas roupas discretas, feitas sob medida pra ninguem reparar em voce. vai lembrar que eu só comia pão francês sem miolo, e era fã de refrigerante diet até pra acompanhar aquele fast food gorduroso. vai lembrar das mil vezes que perdi o juízo e te agarrei quando não podia, te arrastei pra algum canto suspeito pra gente fazer amor, e você, mesmo cedendo, depois me dava sermão. você vai lembrar de mim como a doida que arrebatou sua adolescência, a namorada mais problemática que você já teve, mas a que você mais amou com loucura e paixão. vai lembrar de todos os meses que eu esqueci que dia 15 era nosso aniversário de namoro, e tambem vai lembrar que quando era meia noite você já me ligava, falando parabéns por mais um mês. vai lembrar das nossas brigas que toda a rua escutava, de voce segurando meu braço porque eu te virei as costas e eu te batendo, e depois disso vai lembrar de nós fazendo as pazes. vai lembrar de quantas vezes eu te fiz chorar, quantas vezes eu chorei, e nós choramos, e nós secamos as lágrimas um do outro. e é só. você vai lembrar de mim, enquanto toma seu café e pausa a leitura de seu livro. enquanto eu vou estar dormindo, de ressaca, na cama de alguem que eu não lembro o nome. foi, é, e sempre será assim.. o nosso problema é esse. "você é a calmaria, e eu, a tempestade."